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sexta-feira, 13 de maio de 2011

BULLING UMA SITUAÇÃO ALÉM DO QUE A SOCIEDADE PODE PREVER.

Elisangela Aparecida Costa Alvarenga. [1]


(Profª.orientadora (Ms) Rosângela Paiva Spagnol)


Dentre tantos acontecimentos ocorridos em nosso meio nos últimos tempos, o Bulling teve destaque especial nas mídias e preocupando cada vez mais pais, educadores e profissionais da saúde. Em face disso surge uma dúvida: será que estamos preparados para lidar com este tipo de conduta ou ainda será que fazer a necessária distinção deste instituto diante de discussões ou até mesmo brigas pontuais que muitas vezes são facilmente confundidas com o Bulling?


Este tipo acontecimento, não escolhe classe social, local e idade, como muitos pensam ser um fato típico do ambiente escolar, ele pode ocorrer na rua, entre desconhecidos, em uma roda de amigos, no trabalho, nas redes sociais este denominado como cyberbulling e principalmente entre colegas de classe, onde o agravante é ainda maior.


Podemos definir como sendo uma situação caracterizada por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Este termo tem sua origem da palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma definição própria para a nossa língua é entendido também como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.


Mas este fato não é típico da modernidade, ele já ocorre há muito tempo, principalmente entre os estudantes, mas a cultura apresentada em tempos modernos, contribuiu para uma maior incidência do bulling, onde o que a pessoa é, individualismo e o ter são mais valorizados do que o ser, transformando o verdadeiro valor ético que deveriam pautar a sociedade.


Porém, a partir das décadas de 70 e 80, ele passou a ser objeto de estudos científicos nos países escandinavos, em função da violência existente entre estudantes e suas consequências no âmbito escolar. No final de 1982, o norte da Noruega foi palco de um acontecimento dramático onde três crianças com idade entre 10 e 14 anos se suicidaram por terem sofrido maus tratos por seus colegas de classe. Um fato em que vai muito além do que a sociedade pode prever. Nesta época, Dan Olweus [2], pesquisador norueguês, envolvendo alunos de vários níveis escolares, pais e professores, levou suas pesquisas a concluir que a maioria de jovens e crianças com tendências suicidas, cometiam estes atos, quando sofriam algum tipo de ameaça.


No Brasil, recentemente um caso de bulling que chegou as vias de fato, deixando nossa educação de luto, emergiu ainda mais este assunto, até que ponto quem o sofre tem as marcas sendo perpetuadas por toda a vida. O massacre de doze crianças em uma escola do Rio de Janeiro premeditado por uma mente doentia. Wellington Menezes invadiu a escola Tasso da Silveira, na zona oeste do Rio, matou doze, feriu outras doze e depois se suicidou. Wellington como muito outros jovens foi vitima de bulling, no material e no conjunto de imagens encontrado em sua casa ele cita diversas vezes como o bulling o traumatizou. É uma realidade muito difícil de ser encarada por todos que foram vitimas diretamente desta tragédia, mas que não deve se esquecer com o tempo, é um fenômeno que deve ser encarado por toda a sociedade com muito afinco, pois não é apenas uma “brincadeira de criança”, mas um crime cometido por agressores, podendo os considerá-lo como criminosos, pois acabam matando a autoestima de que sofre, matando-o para a vida em sociedade.


Segundo especialistas, as causas desse tipo de comportamento abusivo são inúmeras e variadas. Deve-se à carência afetiva, à ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, por meio de “práticas educativas” que incluem maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas.


As consequências deste tipo são muitas tanto para agressores como para as vitimas, neste caso promove no âmbito escolar o desinteresse pela escola, a falta de concentração e aprendizagem e principalmente evasão escolar, mas não ficam apenas restritas neste patamar, as consequências refletem também em sua saúde com baixa na resistência imunológica, stress, depressão e muitos casos levam ao suicídio ou a tragédias como as de Realengo ou Columbine.[3]


 Mas este fato é tão abrangente que as consequências também atingem os agressores, causando-lhes um distanciamento e falta de adaptação aos objetivos escolares, à supervalorização da violência na obtenção de poder e o desenvolvimento de futuras condutas criminosas, refletindo muitas vezes na vida adulta.


Sendo difícil pela família precisar se a criança ou adolescente esta sofrendo ou não bulling, pois muitas vezes o medo acaba calando as vitimas, mas servem de alerta para toda esta sociedade, que mesmo estão diante de casos concretos, cruzam os braços e não fazem nada, ficando indignados diante de acontecimentos, questionam o acusado, por ter cometidos tais atrocidades, mas não lutam para ter um ponto final esta atitude, não é papel especifico apenas de uma determinada parcela da população, como a escola, mas de cada um de nós quando vemos uma criança humilhar a outra através de uma brincadeira, sob o alegado que são crianças e que estão apenas brincando, mas num futuro próximo ela também pode ser a vitima e você se ver diretamente ligada a um fato triste como o pautou nossa sociedade, pois o bulling é uma situação que vai muito além do que a sociedade pode prever.
BIBLIOGRÁFIA

FANTE, C. Fenômeno bulling: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas, Verus,2005.
SILVA, A.B.B. Bulling mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Editora Fontamar, 2010.
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/escola-o-que-nao-e-bullying-610441.shtml acesso em:07 de maio de 2011.
http://www..portalbullying.com acesso em: 07 de maio de 2011.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Columbineacesso em: 07 de maio de 2011.
Revista Veja, São Paulo, p.88-95, 20 abril. 2011.
Revista Veja, São Paulo, p.80-90, 13 abril. 2011

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[1] Discente do terceiro período do Curso Direito da Faculdade Barretos.
[2] Dan Olweus é considerado o pioneiro em pesquisas sobre Bullying no mundo. Criou o Olweus Bullying Prevention Program, um programa de prevenção ao Bullying que é referência mundial.
[3] O massacre de Columbine aconteceu em 20 de abril de 1999 no Condado de Jefferson, Colorado, Estados Unidos, no Instituto Columbine, onde os estudantes Eric Harris (apelido Reb), de 18 anos, e Dylan Klebold (apelido Vodka), de 17 anos, atiraram em vários colegas e professores.

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