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terça-feira, 24 de maio de 2011

A oratória em Charles Chaplin


Lirian Duarte Nakamichi[1]
Orientação: Rosângela Paiva Spagnol (Prof. MS)


           Durante  nossos encontros, às sextas-feiras, no curso de Oratória da Faculdade Barretos, (graduação em Direito) dedicamo-nos um  tantinho ao estudo deste vasto campo que é  a arte da comunicação que muitas vezes vai além da fala traduzindo a arte  Oratória  em  toda e qualquer   forma de comunicação, seja escrita, verbal ou gestual ou oura maneira de interagir com outrem.
A oratória  teve seu início antes mesmo dos  Sofistas  (481-338 a.C.) mas, com a filosofia sofística esta, se instrumentalizou por aqueles que se  compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação numa época em que o discurso era uma via de mão única, mas com intuito de transmitir suas verdades convencendo aos ouvintes,  que aquelas  eram as  suas verdades também.
 Posteriormente com Sócrates (469-399 a.C. oponente aos sofistas, assim como seus seguidores Platão e Aristóteles)  firma-se a oratória, e desenvolve-se a uma maneira de comunicação interativa entre o “orador” e o “intelocutor” visando a obtenção de conhecimento de maneira esclarecedora, e libertadora, dando início para as seguintes gerações que desenvolveram e aprimoraram a arte da oratória pelas vias da  retórica e argumentação legadas por aqueles que fazem parte da nossa história até os dias de hoje.
Esclarecedor é que,  pela vias da oratória,  principalmente nas dinâmicas efetivadas  em sala de aula, é possível buscar uma  maneira correta da postura, do olhar, da posição das mãos, dentre outras formas de demonstrar que todo o corpo fala, e o faz com convicção, dando-nos a segurança necessária à transmissão completa de uma  mensagem ou comunicação, tão necessária aos profissionais de hoje, seja qual for o seu lócus de interação.
E, é pela  vias da arte que este trabalho vem, com um singelo intuito de homenagear Charles Chaplin, famoso na história do cinema por suas mímicas inigualáveis que diziam tudo sem precisar de uma só palavra. Percorrendo um  pequeno trajeto de sua história de vida, iniciada no teatro e finalizada como diretor de cinema repleto de premiações.
          A importância da gestualidade é bem discutida dentro da oratória, segundo Reinaldo Polito  (em seu Blog no dia 27 de outubro de 2008), é a peça chave para a “excelência” do orador, “seu corpo diz o que você pensa”, a linguagem corporal e facial são imprescindíveis para mostrar a coerência da mensagem a ser transmitida, onde os gestos e expressões podem ou não passar credibilidade ao intelocutor. Nas fases da vida aprendemos com gestos e reações do corpo e do rosto a desenvolver habilidades nescessárias para um natural convívio em sociedade, de acordo com a educação atribuída a cada um as sutilezas são incorporadas e interpretadas de vários modos, como num discreto levantar de sombrancelhas à um rápido tamborilar com os dedos, demonstrando respectivamente “surpresa”  e “impaciência”.
          Nos primórdios do cinema não havia o áudio e todas as mensagens cinematográficas eram transmitidas através de mímicas, de “gesticulações corporais”, podendo nos servir de exemplo para os dias atuais ao adaptar em nossa oratória a fala do corpo e da expressão.
          Charles Spencer Chaplin nasceu no dia 16 de abril de 1889,  filho de atores de teatro teve uma infância sofrida e que o levou aos palcos ainda bem jovem, aos cinco anos de idade, atuando para uma platéia de maioria soldados. Já adolescente encarou teatro de mímicas de Fred Karno e em 1909 teve sua primeira temporada em Paris.  Em 1914 estreiou nos cinemas, seu primeiro filme interpretava um personagem cômico que vivia aventuras na redação de um jornal. Iniciando assim a trajetória deste gênio da dramaturgia e da vida, sendo considerado o melhor ator nos primeiros momentos do cinema hollywoodiano e posteriormente também diretor. Aqui no Brasil ficou conhecido também por Carlitos, nome de um de seus personagens mais conhecidos (Tramp). Durante toda a trajetória do cinema mudo Chaplin dedicava-se não somente a interpretação (aliás perfeita) mas a todos os detalhes que envolvia cada personagem, para a criação de Tramp disse “queria que tudo fosse contraditório: as calças folgadas, o paletó apertado, o chapéu pequeno e os sapatos enormes (...) coloquei um bigodinho que me daria alguns anos sem esconder minha expressão[2]
          Aproveitando de sua fama, na década de 30, iniciou claras críticas sobre alienação dos operários no processo de produção em série e contra o nazismo, satirizando em dois filmes: Tempos Modernos (1936) e O Grande Ditador (1940). Dizia que não era comunista mas sim “traficante da Paz”. Quando começou o cinema com áudio relutou o quanto pode, mas surpreendeu quando decidiu colocar trilha sonora  em seus filmes. Chaplin tinha uma filosofia própria de inteligência e humildade, mostrava a realidade dos subúrbios colhendo nas gargalhadas uma atenção aos problemas sociais, não precisava falar, mas suas mímicas gritavam aos olhos de todos. Também grande escritor deixou algumas frases inigualáveis que mesmo nos dias de hoje são totalmente adaptáveis a nossa relidade. Nos deixou aos oitenta e oito anos, em uma fria madrugada de 25 de dezembro de 1977, ficando o seu legado além dos inesquecíveis filmes uma autobiografia de um gênio de infância triste, que encantava e emocionava o mundo inteiro.
          Pelo exposto e por tantos mais que aqui não foram mencionados, Charles Spencer Chaplin pode ser considerado um grande ORADOR mesmo sem a utilização da voz  na maioria das vezes, somente e principalmente por genializar a expressão corporal e facial de maneira simples mas muito eficaz para atingir a finalidade  almejada, sorriso ou lágrimas, e  deixando para todos  um grande exemplo de vida.
 “Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é...Autenticidade.Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de... Amadurecimento.”                                 Charles Chaplin


Bibliografia:
CHAVES, Lázaro Curvelo. Biografia de Charles Spencer Chaplin. Disponível em: <http://www.culturabrasil.pro.br/chaplin.htm>  Acesso em: 20 de maio de 2011.
POLITO, Reinaldo. Seu corpo diz o que pensa. Publicado em 27 de outubro de 2008. Diponível em: <http://www.polito.com.br/português/artigo>  Acesso em 20 de maio de 2011.


[1] A aluna autora é graduanda do 3º Período do curso de Direito da Faculdade Barretos.
[2] Cf. CHAVES, Lázaro Curvelo. Biografia de Charles Spencer Chaplin. Disponível em : <http://www.culturabrasil.pro.br/chaplin.htm> Acesso em: 20 de maio de 2011.

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