Leonardo Pedro Ramirez Cunha [i]
(Profª.orientadora (Ms) Rosângela Paiva Spagnol)
Neste trabalho tentaremos associar o clássico literário infantil de Lewis Carroll, “Alice no País das Maravilhas”, com o conceito de justiça, com as atrocidades feitas pela rainha até então, e o conceito de parlamentarismo, entre outros elementos do Estado.
Na sua essência trata-se uma crítica à condição do indivíduo da sua época, sufocado pela rigidez moral e regras sociais da Inglaterra vitoriana, como também um período de grandes avanços tecnológicos e diferentes formas de pensamentos filosóficos, e Carrall utiliza a passagem da realidade para a fantasia como uma forma de fuga dessa realidade da época.
O livro inicia-se com a Alice e sua irmã, sentadas na sacada aborrecidas, entediadas e irritadas. Então Alice vê um coelho branco tirando um relógio do bolso, e ela vai atrás do coelho e entra na sua toca. Nota-se aí, a clara vontade de fugir da personagem, pois, esta insatisfeita com o mundo social e político da época em que está inserida.
No percurso até esse novo mundo, Alice enfrenta vários obstáculos, todos resolvidos magicamente, apontando o sistema rígido e lógico, impossível de resolver com humanidade.
Depois de muito tempo, Alice encontra a rainha no tribunal:
– Não, não! – gritou a Rainha. – Primeiro a sentença, o veredicto depois.
– Mas que bobagem! disse Alice em voz alta. – Quem já viu sentença antes de veredicto?
– Dobre essa língua! Disse a Rainha, com o rosto vermelho de raiva.
- A boca é minha – retrucou Alice
- Cortem-lhe a cabeça – gritou arainha o mais alto que podia. Ninguém se moveu.
– Quem se importa com vocês? Disparou Alice.
- Vocês não passam de cartas de baralho!
A Rainha só tinha uma maneira de remover todas as dificuldades, grandes ou pequenas. "Cortem-lhe a cabeça!", ela ordenou sem nem mesmo olhar para os lados [1]
A alusão feita acima mostra a rainha como uma pessoa irritada e autoritária, que vê as decapitações como solução de tudo, que nem mesmo segue as ordens processuais. É uma critica, aos atos praticados pelo monarca, onde não há punição, a rainha não tem o medo de ser punida por algo que fez errado, ou de forma diferente.
Porém, nesse trecho mostra-se o funcionamento do parlamentarismo, o qual a rainha não tem a ultima palavra mas sim seus parlamentares.
“(..) o Grifo sentou-se e esfregou os olhos. Contemplou depois a Rainha até que ela sumisse de vista. Riu então à socapa.
O personagem Grifo diz para Alice:
– É muito engraçado! – murmurou, meio para si mesmo meio para Alice.
– Qual é a graça? – perguntou Alice.
-Fantasia dela: nunca executam ninguém ....[2]
Também há outro trecho o qual ilustra a impotência da rainha:
"Eu entendo!", disse a Rainha, enquanto examinava as rosas. "Cortem-lhe as cabeças!" e o cortejo prosseguiu, com três dos soldados ficando para trás para executar os desafortunados jardineiros, que correram na direção de Alice em busca de proteção.
"Vocês não serão decapitados!", disse Alice, colocando-os dentro de um grande jarro de flores que estava por perto. Os três soldados ficaram confusos por um minuto ou dois, procurando por eles e então voltaram para o final do cortejo.
"As cabeças já foram cortadas?", berrou a Rainha.
"Suas cabeças se foram, para servi-la, Majestade!". Os soldados gritaram em resposta. [3]
Seu percurso acaba no momento em que Alice está no tribunal sem regras, e enfrenta a Rainha, conseguindo em fato criar uma realidade, a qual nesse momento alcança uma liberdade momentânea a realidade opressora.
Embora, seja um exercício de ficção, Lewis Carroll utilizou sua imaginação e recursos literários para protestar e ironizar o governo e os costumes morais da época através de Alice no País das Maravilhas tendo utilizado os paradoxos como o próprio tema central.
Alice portanto, quebra o padrão pré-estabelecido socialmente ao inglês vitoriano, onde não há punição, culpa ou medo, pelos seus atos, sendo o seu estado final de ânimo.
Criando um mundo onde ele poderia ir contra o sistema opressor, para assim tentar mudar as falhas vistas em sua época, criticando o sistema governamental da época, o qual sufocava com inúmeras exigências e regras sociais.
Referencia:
CARROL, LEWIS. Alice no País das Maravilhas. São Paulo: Ática, 1980.
_______________ Alice no País das Maravilhas. Rio de Janeiro: Arara Azul,2002.Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/alicep.html Acesso em: 02 de junho de 2011.
SOUZA, Antonio Marcelo Pacheco de. Alice e o Direito sem o império do indivíduo. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 605, 5 mar. 2005. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/6360>. Acesso em: 2 jun. 2011.
É super interessante como o autor conseguiu mascarar tudo isso em uma história aparentemente infantil.
ResponderExcluirARRAZOOU Leozitooo =D
ResponderExcluirMeu ORGULHO!
Lindoo, ameii Leo.
ResponderExcluirGenioso Genial!