Visualizações

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Partes que partem


Bruna Pupo[1]
Orientação Fabio Calliari (Prof. MS)


A cada dia que passa nos deparamos com crimes cada vez mais bárbaros que muitas vezes nos chocam e nos deixam pensativos por horas a fio. Basta ligarmos a televisão, e lá estão eles!  O que mais nos intriga é que em sua grande maioria, são cometidos por jovens e adolescentes que não se sentem parte de uma sociedade por diversos motivos, dentre eles os econômicos e os culturais.
Por serem inimputáveis, ou seja, não responderem penalmente por possuírem menos de dezoito anos, tornam-se alvos fáceis nas mãos de traficantes e marginais, sendo usados para cometerem crimes e atos ilícitos.
O maior requinte de crueldade da nossa “Nova era” se dá pelo fato de que a irracionalidadee a estupidez abrangem pessoas de bem, que nunca pensaram estar envolvidas em uma contravenção penal.
As notícias que nos chegam sobre mortes em massa nos deixam atônitos, porém não mais que os homicídios por motivos torpes, que envolvem sequestro e tortura antes da morte. Sem contar a aflição da família, no ansioso aguardo por notícias do ente querido, ou na pior das hipóteses por pelo menos o corpo para ser velado com dignidade.
Estaríamos nós diante de uma desigualdade, de uma inversão de valores, onde um assassino possui muito mais proteção do Estado que uma pessoa de bem?
O Estado protege o criminoso de torturas, pena de morte, prisão perpétua, além de garantir que seus filhos e sua família recebam generosos auxílios por possuírem um pai incapaz de dá-los o sustento por estar encarcerado. E, pasmem, com dinheiro público! Com dinheiro nosso! Das vítimas dos crimes e dos criminosos!
Mas, e nós? Estaríamos protegidos?
São tantas normas, emendas, leis, e ainda assim, vivemos em segurança máxima dentro de nossas casas, é lógico! E, dentro das possibilidades de cada um de se garantir seguro dentro dessa semi-prisão, pois nem todos contam com condições suficientes para se proteger dos “protegidos”.

Vivemos nesta Era em que se afirma um pensamento filosófico de Thomas Hobbes que diz que “o homem é o lobo do homem”.
A cada dia que passa perdemos mais e mais a nossa liberdade, pois há sempre uma brecha na lei que beneficia o criminoso, há sempre a possibilidade de uma insanidade mental, de se aproveitar de uma medida de segurança, uma privação prisional menos árdua, e assim por diante.
Porém, enquanto isso, continuamos a assistir aos crimes hediondos que acontecem todos os dias, em grandes quantidades em nosso país, a ver pessoas partindo deste mundo, deixando partidos corações de mães, de filhos e de todos os que ficam, que se tornam partes que partem para uma vida de privação de liberdade.
Mas, eu pergunto, até quando???
Sinceramente não sei, mas deixo aqui, alguns trechos de Rui Barbosa, que retratam que não é de hoje que tudo isso ocorre, e desde aquela época, muito pouco se tem feito para resolver o problema da guerra injusta entre criminosos e pessoas de bem: “A lei da guerra é a lei da força, a lei da inconsciência que autoriza a traição, consagra a brutalidade, exalta a insolência, e eterniza o ódio. Uma lei animal que ensina o homicídio, propagando a crueldade, destruindo lares, bombardeando templos, fazendo do mundo uma chacina, velhos, mulheres e crianças.”


Referencia: 
CF. BARBOSA.Rui de Oliveira. Criminologia e Direito Criminal – seleções e dicionário de pensamentos. Campinas: Romana, 2003.p.334


[1] Aluno do terceiro período de Direito da Faculdade Barretos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário